Vendaval em SP faz Climatempo adotar método dos EUA para classificar rajadas de vento: com e sem chuva

  • 14/12/2025
(Foto: Reprodução)
Local da queda de uma árvore na Rua Cubatão com Eça de Queiroz, no bairro da Vila Mariana, zona sul da cidade de São Paulo (SP), nesta quinta-feira, 11 de dezembro de 2025. A capital paulista ainda enfrenta nesta manhã os impactos do vendaval que atingiu a cidade na última quarta-feira, 10. De acordo com o Corpo de Bombeiros, somente na quarta-feira, foram abertos ao menos 1.412 chamados para quedas de árvores na capital e na Região Metropolitana de São Paulo Felipe Rau/Estadão Conteúdo O vendaval histórico que atingiu São Paulo na quarta-feira (10) levou a Climatempo a mudar sua forma de monitorar rajadas de vento no país. A empresa passará a separar ventos fortes registrados em condição seca daqueles associados a tempestades, prática comum em órgãos meteorológicos dos Estados Unidos. Ao g1, o meteorologista da Climatempo Cesar Soares afirmou que a intensidade e a longa duração do vento seco que atingiu a capital abriram um “precedente técnico” que exige uma nova metodologia. “A gente vai começar a guardar essas rajadas de vento em condições mais úmidas e em condições mais secas, para ter uma base nas duas situações”, explicou. “O normal era São Paulo registrar ventos muito fortes só com atmosfera carregada. Agora a gente viu que isso mudou.” Para ele, casos de ventos fortes com tempo firme podem se tornar mais comuns quando ciclones extratropicais se formam antes de alcançar o oceano (leia mais abaixo). Apagão em São Paulo: 800 mil imóveis seguem sem energia após vendaval recorde O vendaval registrado em São Paulo começou por volta das 9h de quarta e se estendeu até a noite, por volta das 21h, com rajadas acima de 75 km/h durante praticamente todo o dia. A maior velocidade, 96,3 km/h, ocorreu no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul, e é o maior valor sem chuva já documentado na capital desde o início das medições pelo Inmet, em 1963. Em outras ocasiões em que a capital registrou ventos tão fortes — como em setembro, quando o Campo de Marte marcou 98,2 km/h — a cidade enfrentava temporais. Desta vez, porém, o céu permaneceu firme, com sol entre nuvens e nenhum sinal de chuva, o que aumenta o caráter incomum do evento. “Ter uma rajada de 90 km/h ou 100 km/h com temporal é comum. Mas com ar seco? Isso não era normal”, disse Soares. Referência nos EUA A decisão da Climatempo de separar ventos secos e ventos úmidos segue o modelo dos Estados Unidos, onde órgãos que atuam como a Defesa Civil no Brasil tratam os dois fenômenos (vento com chuva e sem chuva) como categorias distintas, tanto para a emissão de alertas quanto para a análise de risco. Na Califórnia, em 2019, duas casas foram danificadas por ventos de mais de 100 km/h, mas por causas completamente diferentes. Uma delas foi atingida por um "microburst", ou microexplosão, uma corrente de ar extremamente forte associada a uma tempestade com chuva e raios, que estourou janelas em questão de segundos. A poucos quilômetros dali, outra casa sofreu danos semelhantes sob um céu totalmente limpo: os "Santa Ana Winds", ou os Ventos de Santa Ana, conhecidos por trazerem ar quente e seco do deserto, provocaram rajadas intensas durante horas. Apesar de as velocidades serem parecidas, os órgãos meteorológicos classificaram os episódios de maneiras diferentes — um como vento com chuva, outro como vento sem chuva. Isso mudou o tipo de alerta emitido, o relatório de danos e até a resposta das autoridades. É essa diferença de origem que os EUA registram separadamente e que, a partir de agora, deve ser adotada pela Climatempo. “No Brasil sempre olhamos ventos fortes com base em tempestades. Só que agora isso [em São Paulo] abriu precedente”, explicou Soares. A forte ventania que atinge São Paulo derrubou Papai Noel da decoração de Natal da Avenida Paulista Reanto S. Cerqueira/ Ato Press/Estadão Conteúdo Ciclone extratropical De acordo com o meteorologista, o ciclone extratropical que atuou entre o Sul e o Sudeste se formou de maneira “especial” sobre o continente — e não sobre o oceano, como costuma ocorrer. Soares descreve esse ciclone como um sistema “gigante”, com mais de 10 mil quilômetros de extensão. Isso permitiu que a circulação de ventos fortes chegasse à capital sem gerar nebulosidade suficiente para chuva. “Ele forçou uma entrada de ar seco tão intensa que naturalmente não aconteceria. Por isso todo meteorologista está olhando para esse sistema e pensando: 'O que é isso?'”, afirmou. 🌧️ Ciclones são sistemas que causam tempo adverso em grande escala. Eles "puxam" o ar quente e úmido da superfície e o empurram para cima, formando nuvens de chuva. Ciclones extratropicais surgem do contraste de temperatura entre massas de ar quente e fria. Aeroportos de SP têm mais de 300 voos cancelados após vendaval histórico Reprodução/TV Globo Mudança de padrão climático Segundo Cesar Soares, os dados confirmam uma mudança de padrão climático na região metropolitana de São Paulo. “Essas rajadas de vento que antes eram valores inusitados, extremos, vão passar a ser frequentes. Com mais energia na atmosfera, mais aquecimento e mais calor retido, a gente terá condições cada vez mais severas e intensas”, disse Soares. O especialista explica que, nos anos 2000, linhas de instabilidade capazes de provocar ventos tão fortes eram raras, mas passaram a se repetir anualmente. “Agora a gente está vendo com frequência. Está acontecendo pelo menos uma ou duas vezes ao longo de cada ano. Os últimos anos têm registrado rajadas cada vez mais intensas”, afirmou. Escala de Beaufort Pela Escala de Beaufort, que classifica a intensidade dos ventos, os danos ocorridos na Grande São Paulo nos últimos anos indicam a categoria 10 e 11, ou seja, com ventos entre 89 km/h a 117 km/h. Criada há mais de 200 anos para facilitar a navegação marítima, a escala vai de 0, que representa ventos calmos, quase sem movimento, com fumaça subindo verticalmente a 12, que correspondem a furacões. A partir de 10 na escala já é considerado uma tempestade. Nessas circunstâncias, há estragos em construções e árvores, além de mar extremamente turbulento. Com rajadas cada vez mais frequentes e intensas, São Paulo já registra episódios que se aproximam das categorias mais altas da Escala de Beaufort — criada há mais de 200 anos para orientar navegadores e que hoje ajuda a dimensionar o impacto de ventos que, em terra firme, estão se tornando parte da rotina dos paulistas.

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/12/14/vendaval-em-sp-faz-climatempo-adotar-metodo-dos-eua-para-classificar-rajadas-de-vento-com-e-sem-chuva.ghtml


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